19 de julho de 2012

CAIXÃO DE AREIA: RECURSO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA E CARTOGRAFIA


Foi no Curso de Licenciatura plena em Geografia, no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA, que percebi que o processo de ensino e aprendizagem a metodologia continua sendo o grande e relevante problema enfrentado por quem estuda e trabalha o conhecimento de um modo geral e em particular o da cartografia. As licenciaturas em geral vêm trabalhando a perspectiva da didática e prática de ensino. E essas devem possuir métodos de ensino e “devem superar a simples transmissão de informação e que se assentem em alternativa para mobilizar intelecto do aluno, fazendo com que ele se pergunte e não apenas espere respostas” (Callai, 2003, p.23).

Assim, nesta postagem apresento um recurso que pode responder a seguinte pergunta: Como ensinar conceitos relativos à noção de espaço e de que forma representá-los?

O caixão de areia, assim denominado por se tratar de um caixão cheio de areia, tem um largo emprego nos diferentes ramos da instrução militar (Uzêda, 1944, p. 428) - A expressão “caixão-de-areia”, empregada no Caderno de Instrução grafada com hífen, merece duas palavras de explicação. Seu significado é amplo e transcende aos próprios componentes que essa designação sugere, isto é, um caixão com areia para representar determinada região. É mais do que isso. Pretende englobar todos os modelos gráficos de terreno, com areia. A expressão pode encerra uma idéia, um conceito, uma sugestão e, fundamentalmente, um apelo à imaginação fértil dos professores e alunos.

Major Olívio Godim de Uzêda
Curso de Topografia Militar
1944

O caixão de areia nasce no seio militar e tem um largo emprego nas instruções e ações desenvolvidas por estas instituições. “Foi recomendado através de nota de instrução nº 1937: no sentido da facilitar ao máximo a instrução tática e certos ramos da técnica para oficiais e graduados, este comando preconiza o emprego ativo e constante do caixão de areia, como elemento indispensável à boa marcha da instrução”. (Uzêda, 1944, p. 428).

O Major Olívio Gondim de Uzêda no seu livro intitulado de Curso de topografia Militar de 1944, com várias recomendações que acompanham a obra (do Ten. Coronel Floriano de Lima Brayner, instrutor-chefe da Escola Militar, Major Osvaldo de Araújo Mota, sub-diretor da Escola das Armas, Major Artur da Costa e Silva, comandante do Centro de Instrução de Moto-mecanização e Major Aureliano de Farias, professor de Geodésica e Topografia da Escola Técnica do Exército), nos possibilitou o entendimento desta poderosa metodologia de modelagem do terreno.


“O ligeiro exame que procedi dá a impressão de ser, no assunto, a obra mais completa que se tenha feito no Brasil. A análise do índice mostra que o trabalho está orientado no verdadeiro sentido militar”. (Tasso M. Rego Serra, Capitão. Secretário, 1941).

Segundo o Major Olívio Gondim de Uzêda, o caixão de areia, assim denominado por se tratar de um caixão cheio de areia, tem um largo emprego nos diferentes ramos da instrução militar, sobretudo:

EMPREGO DOS CAIXÕES DE AREIA

O caixão de areia, assim denominado por se tratar de um caixão cheio de areia é um instrumento muito utilizado no meio militar e o contato com este recurso foi durante o Curso de Operações Ribeirinhas no Corpo de Fuzileiros Navais em Belém. Logo, percebi o largo emprego nos diferentes ramos da geografia e cartografia como por exemplo:


1 - Na topografia permitindo-nos familiarizarmos aos iniciantes o relevo do solo, fazendo-lhes sentir os acidentes do terreno;

2 - na modelagem do terreno no caixão de areia, instintivamente, facilita leitura de cartas e aplicamos continuadamente as leis do modelado;

3 - Na organização do terreno facultando-nos desde a escolha do conjunto dos traçados como estudo dos detalhes dos diferentes elementos;


Mas, por isso mesmo, pelas facilidades que nos oferece o caixão de areia é que vem à pelo recomendarmos não devemos usá-lo demasiadamente, sobretudo desprezando as idas ao campo onde as instruções, por certo, se aproximam mais da realidade.

UTILIZAÇÃO DOS CAIXÕES DE AREIA

O caixão-de-areia é recurso que permite a representação da superfície do solo e uma melhor visualização das características do terreno real nas três dimensões. Proporciona uma visão ampla de regiões representadas, compreensão mais rápida e mais precisa dos acidentes do que aquela que poderiam ser observados em uma carta topográfica.

O caixão-de-areia ainda oferecer uma representação que levará mais facilmente a participa e discussão sobre o problema estudado, por exemplo, hidrografia, relevo, solo, medidas etc.

Assim, este recurso pode ser utilizado como um modelo reduzido de terreno (maquete). Portanto, pode servir como um recurso valioso e relativamente barato, capaz de aumentar a eficiência das aulas e ainda serva como sugestão para desenvolvimento da imaginação fértil dos professores e alunos.

Segundo Almeida (2006, p. 76), o principal objetivo com maquete é chegar ao ponto de vista vertical, por isso não é necessário construí-la em escala. O tamanho da maquete e do objeto que figuram dentro dela deve ser definido por comparação e aproximação entre o real e os materiais disponíveis. Logo, deve-se entender o caixão-de-areia como uma maquete que tem como objetivo de representar, com matérias disponíveis, um terreno ou um espaço.


Todavia, a preocupação é conseguir fazer uma passagem das informações do saber universitário sem desfigurá-lo e sem desvalorizá-lo, através de uma transposição didática que não vulgarize nem o empobreça, mas, que se apresente como uma construção diferenciada, reconstruída e reorganizada.

Referências bibliográficas
CARDENO DE INSTRUÇÃO. CI 21-5/1. Out 1976. O Caixão de Areia: Utilização e Construção: Estado Maior do Exército Brasileiro: EGGCF.
LACOSTE, Yves. A geografia, isso serve em primeiro lugar para fazer a Guerra. Campinas, Papirus, 1988, p.16.
UZÊDA, Olívio Gondim. Curso de Topografia Militar., Rio de Janeiro: Henrique Velho, 1944.

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Representações Cartográficas

Globo - representação esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade ilustrativa.

Mapa - representação plana, em escala pequena, delimitada por acidentes naturais ou políticos-administrativos, destinada a fins temáticos e culturais.

Cartas - representação plana, em escala média ou grande, com desdobramento em folhas articuladas sistematicamente, com limites de folhas constituídos por linhas convencionais, destinada a avaliação de distância e posições detalhadas.

Planta - tipo particular de carta, com área muito limitada e escala grande, com número de detalhes consequentemente maior.

Mosaiso - conjunto de fotos de determinada área, montadas técnica e artisticamente, como se o todo formasse uma só fotografia. Classifica-se como controlado, obtido apartir de fotografia aéreas submetidas a processos em que a imagem resultante corresponde à imagem tonada na foto, não controlado, preparado com o ajuste de detalhes de fotografia adjacentes, sem controle de termo ou correção de fotografia, sem preocupação com a precisão, ou ainda semicontrolado, montado combinando-se as duas características descritas.

Fotocarta - Mosaico controlado, com tratamento cartográfico.

Ortofotocarta - fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é um perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano.

Ortofotomapa - conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região.

Fotoíndice - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. É o insumo necessário para controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas de método fotogramétrico.

Carta Imagem - imagem referênciada a partir de pontos identificáveis com coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção

Revista Geografia, Conhecimento Prático, n 23, p 54. ed. Escala