Leonardo
Sousa dos Santos[1]
Orleno Marques da Silva Junior[2]
RESUMO
Atualmente a história tem se beneficiado das
tecnologias de informação, sobretudo os Sistemas de Informação Geográfica em
diversas de suas disciplinas, em especial na cartografia histórica. Exemplo do
avanço no campo de ferramentas técnicas computacionais, ou sistemas de
informações geográficas aplicadas ciência histórica são os trabalhos
desenvolvidos para a recuperação e processamento das informações geográficas
contidas nestes documentos históricos, como os mapas e/ou cartas antigas. A
metodologia destas pesquisas consiste na reconstituição cartográfica, extração
dos nomes geográficos e topônimos da cartografia histórica de Belém. A
reconstrução de bases cartográficas históricas vem se constituindo como uma
promissora estratégia para compreender o processo de a dinâmica de ocupação tanto espaciais (geográfico) como temporais
(histórico). Os resultados são reconstituição de importantes documentos que
podem ser utilizados de inúmeras maneiras em diversas áreas do conhecimento,
além de preservação do patrimônio histórico cartográfico. O objetivo
principal deste trabalho é apresentar uma proposta de cartografia digital
reversa da cidade de Belém para gerar bases cartográficas digitais, em escalas
e precisões compatíveis com aplicações temáticas. Como objetivos secundários a
atingir, são estabelecidos metas: Preservar o patrimônio histórico
cartográfico; criar um projeto com a prefeitura,
sociedade civil organizada, para desenvolver
um estudo reverso das divisões administrativas da cidade; estabelecer uma
ligação entre informações temáticas comuns entre as bases cartográficas e
informações disponíveis em fontes oficiais e não oficiais; apresentar as bases
cartográficas em diversos formatos gráficos e disponibilizarem os resultados
para público. Observa-se como resultado preliminar um ganho expressivo de
informações cartográficas, permitindo uma melhor compreensão e interpretação
das diversas informações representadas nos documentos históricos da planta da
cidade de Belém. Desta forma as pesquisas sobre a Belém histórica pode ser
intensificadas e estudos sobre os processos de ocupação, crescimento ordenado e
regular na forma urbana e dos limites administrativos de Belém
Palavra chaves:
Sistema de informação geográfica; Cartografia histórica; Cartografia reversa.
1. INTRODUÇÃO
A
reconstrução de bases cartográficas históricas vem se constituindo como uma
promissora estratégia para compreender o processo de transformação das cidades
ao longo dos séculos. Neste contexto, a
cartografia histórica (reversa) é um instrumento essencial para o estudo do
espaço geográfico pretérito, mostrando a dinâmica de ocupação tanto espaciais
(geográfico) como temporais (histórico) (MENEZES, 2014).
Atualmente a história tem se beneficiado das
tecnologias de informação, sobretudo os Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
em diversas de suas disciplinas, em especial na cartografia histórica (FERREIRA
et al., 2011), pois o poder de processamento dos
computadores permitiu a disseminação do uso de programas voltados à cartografia
digital, que, segundo Câmara et at., (2001),
são sistemas automatizados utilizados para armazenar, analisar e manipular
dados geográficos que representam objetos e fenômenos em que o local onde o
mesmo ocorre é uma característica inerente à informação e indispensável para
compreendê-lo.
Exemplo do avanço no campo de ferramentas
técnicas computacionais, ou sistemas de informações geográficas aplicadas
ciência histórica são os trabalhos desenvolvidos para a recuperação e
processamento das informações geográficas contidas nestes documentos
históricos, como os mapas e/ou cartas antigas. A metodologia destas pesquisas
consiste na reconstituição cartográfica, extração dos nomes geográficos,
topônimos.
No
Brasil, estudos relacionados à cartografia histórica têm sido desenvolvidos por
pesquisadores como: Castro et al (2006), Menezes et al (2007), Umbelino e
Antunes (2007), Santos, Menezes e Costa (2007). Outros artigos relacionados a
esse tema podem ser encontrados nos anais do XXII e do XXIII Congresso
Brasileiro de Cartografia e do II Simpósio Luso-Brasileiro de Cartografia
Histórica (UMBELINO, 2009).
De acordo com Menezes (2014), a reconstrução
de bases cartográficas históricas vem se constituindo como uma promissora
estratégia para compreender o processo de a dinâmica de ocupação tanto espaciais (geográfico) como temporais
(histórico). Os resultados são reconstituição de importantes documentos que
podem ser utilizados de inúmeras maneiras em diversas áreas do conhecimento, além
de preservação do patrimônio histórico cartográfico.
Assim, este trabalho tem os seguintes
objetivos principais: apresentar uma proposta de cartografia digital reversa da
cidade de Belém para gerar bases cartográficas digitais, em escalas e precisões
compatíveis com aplicações temáticas. Como objetivos secundários a atingir, são
estabelecidos metas: Preservar o patrimônio histórico cartográfico; desenvolver
um estudo reverso das divisões administrativas da cidade, associado à sua
cartografia; estabelecer uma ligação entre informações temáticas comuns entre
as bases cartográficas e informações disponíveis em fontes oficiais e não
oficiais; apresentar as bases cartográficas em diversos formatos gráficos e
disponibilizarem os resultados para público.
2. Metodologia
Para o estudo, os métodos utilizados para
análise podem ser caracterizados como analógicos e digitais. Dentre os métodos
analógicos, destacam-se a análise visual, para a ambientação com os elementos
representados nos dados cartográficos históricos, podendo-se obter informações
do mesmo, a partir da observação de detalhes contidos, como: características
gerais do documento, ambientação e
familiarização com o documento; percepção de detalhes e informações contidas no
documento, identificação de pontos notáveis para controle e extração das
características básicas do documento.
No método digital tem-se às análises
espaciais realizadas com base na digitalização
matricial (rasterização/vetorização); validação com o documento original;
georreferenciamento das bases históricas, definição de um sistema de
coordenadas e projetivo; definição de pontos de controle (mapa histórico e
mapas atuais) entre outros.
A partir daí, a metodologia se divide em três
fases, como pode ser observada no fluxograma da figura 1.
Fase
1: A primeira fase procura atender aos objetivos desde a aquisição até o
pré-processamento dos dados selecionados como: Aquisição de dados
bibliográficos, cartográficos, geográficos e históricos, englobando material de
nível nacional e internacional, através de contato com universidades,
bibliotecas, internet, organizações governamentais e não-governamentais, dados
tabulares, fotografias, informações cartográficas e quaisquer outras sobre o
tema da pesquisa em andamento.
Fase
2: Escolha dos documentos a serem estudados onde dar-se-á início ao processo de digitalização,
georreferenciamento e vetorização dos mesmos, através do Sistema de Informação
Geográfica Quantum Gis 2.4, versão “Chugiak”.
Fase
3: Confecção do produto final, especializar e analisar a reconstituição dos
períodos de grandes modificações do limite administrativo e da paisagem na
cidade de Belém, através das bases cartográficas históricas vetorizadas.
3. Resultados
As fases estabelecidas possibilitou a concretização
de uma base cartográfica digital, vide Figura 2, contudo é necessário um
levantamento minucioso de mapas históricos que abrangessem a região estudada,
assim como a aquisição de fontes histórica que pudessem servir de arcabouço
para a análise espaço-temporal, como
nos aspectos culturais e sociais sobre a cidade em 1989.
Com os arquivos digitais foi possível
calcular, por exemplo, a área do delta da planta da cidade de Belém. Em 1989
Belém possui 407,31 Km² (área cor rose escura). A planta de 1989 de Belém
possui duas áreas bem distinta destacadas (cor róseo claro) de nominada de
Terrenos Baixos, uma ao norte e outra a sudeste, com 58.79 Km² e 96,45 Km²
respectivamente.
A malha viária da Planta da cidade de Belém
1989 possui 384,84 Km de extensão. A Estrada dos Mundurucus é o maior eixo viário
com 6.737 km e Rua Carlos Gomes é o menor eixo viário com 241 metros. A soma dos
eixos viários nomeados em 1989 é de 163,30 Km.
As áreas verdes e praças representadas na planta
de 1989 somam 127,29 hectares e tendo a maior área verde tem o valor de 18,91
hectares.
Figura 2:
Resultado com arquivo “raster” e o
arquivo vetor (ponto, linha e polígonos) da Planta da Cidade de Belém 1899. Fonte:
Elaborado pelo autor.
As áreas resultantes do processo de
vetorização são importantes arquivos de consulta e referência e podem ser
utilizados de inúmeras maneiras em diversas áreas do conhecimento, pelos
estudiosos do assunto. Com o armazenamento dos dados da cartografia histórica
de Belém em um banco georreferênciado, é possível, de acordo com Silva (et. al., 2010), sua utilização em
diversas outras pesquisas; processamento das informações para gerar outros
produtos, desde mapas até análises mais complexas; recuperação de documentos de
inestimável valor para a comunidade acadêmica afim e sociedade como um todo,
sendo um bem cultural.
Pode-se identificar o processo de surgimento
dos novos bairros nas áreas de baixadas, que eram sujeitas a alagamento e
ocupadas pela população de baixa renda, dos arruamentos que cresceram ao longo
dos séculos e principalmente os processos de intervenções urbanas da cidade de
Belém cartografados permitindo a conservação da memória dos traçados da cidade
até os dias de hoje.
Segundo Fernandes (2010), o traçado
urbanístico históricos permite o diagnóstico da modernização da cidade compatível
com a introdução dos novos serviços de infraestrutura urbana, como as linhas de
bondes elétricos, redes de abastecimento e de esgotos, etc.
Observa-se um ganho expressivo de
informações, permitindo uma melhor compreensão e interpretação das diversas
informações representadas nos documentos históricos da planta da cidade de
Belém de 1989, vide Figura 3.
Figura 3:
Resultado final de vetorização da Planta da cidade de Belém de 1989. Fonte:
Elaborado pelo autor.
Agora as pesquisas sobre as ruas de Belém e
os significados histórico de suas ruas e denominações podem ser intensificadas através
da Obra de Ernesto Cruz e dos historiadores paraense que acompanharam e
registraram o processo de crescimentos da cidade. Pode-se também desenvolver
estudo do processo de ocupação dos novos bairros, observando o processo de
crescimento ordenado e regular e as transformações na forma urbana e dos limites
administrativos.
Os mapas
históricos são excelentes arquivos temporais, atuando como se fossem arquivos
de época, pra um determinado espaço geográfico, fornecendo subsídios para o
posicionamento correto do espaço no tempo, permitindo assim a recuperação de
informações de época, estabelecendo a caracterização de estudos evolutivos
sobre tendências de ocupação e uso do solo e da paisagem em geral. (MENEZES et
al., 2005).
Muitos são os desafios da completa execução
do método aqui proposto e que este possui limitações, mas acredita-se que a
metodologia pode ser utilizada, podendo ser aperfeiçoada de acordo com as
informações existentes em cada carta, mapa e planta da cidade de Belém.
Foi
possível mostrar o papel das ferramentas de geoprocessamento no campo da
cartografia histórica que assumem cada vez mais destaque e importância.
Igualmente necessário torna-se ter cuidados básicos ao manusear essas
ferramentas, como nos processos de simbolização, extração, entre outros mostrados
no corpo deste trabalho. Após o término do trabalho a cidade de Belém terá uma base
cartográfica digital Histórica, sobre infraestrutura, unidades e divisões
territoriais, equipamentos e mobiliários urbanos, além de elementos naturais de
época.
No Anexo I, observa-se a Planta da cidade de Belém
de 1989 digitalizada e vetorizada os terrenos de baixadas, as linhas de bondes elétricos, Estrada de ferro
Belém-Bragança, ruas, travessa, estradas, edificações, praças, área verdes e outros.
Figura 3: Resultado final da Planta da cidade de Belém de 1989. Fonte: Elaborado pelo autor.
O segundo dia da Semana do Patrimônio Paraense 2014 iniciou na manhã do dia 05/11
Leonardo dos Santos apresentou "O usos da ferramenta SIG na cartografia histórica da cidade de Belém do Pará": http://casaraodememorias.blogspot.com.br/2014/11/spp-2014-imagens-do-segundo-dia-0511-da.html
Bibliográficas
Ernesto Horácio
Cruz - Ruas de Belém, Significado
Histórico de suas denominaçõeshistoriador
paraense. Conselho Estadual de
Cultura. Belém - Pará. 1970. 163 págs.
FERREIRA, M. C.; MARUJO, M. F.;
Metodologia para Construção de Cartas-Imagem Históricas, em SIG, a partir de
Imagens Digitais e Cartas Antigas: a Folha Topográfica de Jaboticabal, de 1927
(São Paulo, Brasil). IV Simpósio Luso Brasileiro de Cartografia
Histórica. Porto, 9 a 12 de Novembro de 2011 ISBN 978-972-8932-88-6.
MENEZES, P. M. L., LEPORE, V. M. G.,
FERREIRA, T. S., Cartografia Histórica como suporte para análise geográfica,
IV Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas – IV CBCG: Curitiba, maio de
2005.
SILVA, K.; BIONDINO.
A.; MARCIA, P.; O Uso de Ferramentas SIG na Cartografia Histórica. Disponível em: < http://www.cartografia.org.br/cbg/trabalhos/90/41/resumoexpandidoparcialfinal_1376346337.pdf>.
Acesso em: 17 out. 2014.
UMBELINO, G.; RODRIGO, C.;
ANTUNES, A.; Uso da Cartografia Histórica e do SIG para a Reconstituição dos
Caminhos da Estrada Real. Revista da
Sociedade Brasileira de Cartografia, Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento
Remoto – SBC. Nº 61/1. Abril 2009. Disponível
em:. Acesso
em: 20 out. 2014.
[1] Engenharia Cartográfica e de Agrimensura.
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA. leonardocbmpa@yahoo.com.br. Projeto de pesquisa em
nível de mestrado apresentado ao processo seletivo do Programa de Mestrado em
Geografia da Universidade Federal de Pará.
[2] Engenheiro Ambiental. Doutorando
do Programa de Planejamento Ambiental da Universidade Federal do Rio de Janeiro
– COPPE/UFRJ.
Leonardo, parabéns pelo excelente trabalho!
ResponderExcluirA Planta da Cidade de Belém de 1989 ficou perfeita e é um verdadeiro presente para a cidade. Eu tenho ideia do imenso trabalho que você teve e do tempo que levou para produzir, mas valeu a pena.
Caso você queira conhecer, eu também tenho um blog, chama-se Geografia e Cartografia Digital de Belém http://geocartografiadigital.blogspot.com.br/. Sucesso!
Boa tarde caro Luiz Henrique! Obrigado mas como vc falou o trabalho valeu a pena estou trabalhando em outra carta antigas o trabalho mesmo está sendo no georeferenciamento das bases raster!
ExcluirAcompanho seu trabalho e conheço bem sua página e parabenizo vc pelo trabalho!
Caro Leonardo. Espero que o seu trabalho seja aprovado pela banca do mestrado em Geografia pela UFPA, pois é de extrema relevância a sua linha de pesquisa. O seu trabalho resgata o estudo da formação da cidade através do georreferenciamento de "mapas" antigos, e da passagem de relíquias históricas e analógicas para arquivos digitais.
ResponderExcluirObrigado! Eu faço o que eu posso. Saiba que o meu blog foi inspirado no teu, assim como outros que falam a respeito de Belém.
massa essa ferramenta, vou indicar para a turma de alunos do colegio imirim sp, bacana, recomendo
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