O advento do sensoriamento remoto de base orbital propiciou muitas vantagens para o estudo de fenômenos ambientais, porque permite uma cobertura global de diferentes áreas da terra, os diferentes sensores abordam dos satélites ampliam a sensibilidade humana, o tratamento digital, melhora a qualidade das imagens e facilita a identificação dos alvos de estudo, além da disponibilidade de um arquivo histórico de imagens sendo obtidas sistematicamente que permitem acompanhar fenômenos globais como a perda da vegetação em áreas urbanas (Luz et. al. 2006).
Na atualidade existem diferentes procedimentos para o levantamento da cobertura vegetal em áreas urbanas por meio de trabalhos de campo, pela analise de cartas topográficas de grande escala, pela interpretação de fotografias aéreas e através da interpretação e tratamento digital de imagens de satélite de base orbital (Lombardo, 1985; Nucci e Cavalheiro, 1999; Luchiari, 2001).
Segundo Santos (2010), nas últimas décadas as pesquisas de mapeamento e quantificação do verde urbano na Amazônia vêm aumentando em decorrência da urbanização intensa e caótica instalada na região a partir da década de 70.
Para a cidade de Belém, o velho marketing de “Cidades das Mangueiras” não se aplica para a atual geografia da cidade. As alterações da qualidade ambiental urbana de Belém podem ser constatadas na expansão horizontal da cidade com o aumento das áreas construídas, pavimentação asfáltica, crescimento da verticalização na área central, aumento da frota de veículos com congestionamento das vias públicas, poluição do ar, poluição sonora e retração da vegetação urbana (Luz et. al. 2006).
De acordo com Luz (2007), a cidade de Belém já possui reflexos por conta do problema da ocupação urbana desordenada, influenciada principalmente pela perda dos seus últimos remanescentes de vegetação e pela impermeabilização do solo.
O crescimento urbano também é responsável pela expansão irregular da periferia, não levando em consideração as regulamentações urbanas definida em seu Plano Diretor Urbano, ocasionando a ocupação irregular das áreas públicas pela população de baixa renda (LUZ & RODRIGUES, 2007).
As ocupações irregulares também estão afetando a distribuição espacial da cobertura vegetal em áreas urbanas e os resultados é a escassez de cobertura vegetal na área de Belém, sobretudo nas áreas que abrigam a população de baixa renda (SANTOS, 2010).
Os dados gerados correspondentes às datas de 25/06/1979 (figura 1) e 09/08/2006 (figura 2) mostram que a classe vegetação teve uma redução ocasionada principalmente pelo avanço da ocupação humana, o que pode ser confirmado através dos dados obtidos para a classe urbano/solo exposto que passou de 8,32% registrado em 1979 para 14.89% em 2006 (tabela 14). A maior perda de vegetação ocorreu na parte nordeste da Região Metropolitana de Belém (SANTOS, 2010).
Figura 1. Mapa de uso e ocupação de 1979
Fonte: Santos, 2010.
Figura 2. Mapa de uso e ocupação de 2006
Fonte: Santos, 2010.
Tabela 1. Classes de cobertura do solo.
Fonte: Santos, 2010.
De acordo com estudos sobre o Índice da Cobertura Vegetal nas cidades, o recomendável de arborização para o adequado balanço térmico nas áreas urbanas está em torno de 30%, em áreas onde o índice de arborização é inferior a 5%, as características climáticas se assemelham a regiões desérticas (LUZ, 2007 apud Lombardo, 1985).
Neste sentido, as pesquisas têm demonstrado que a cobertura vegetal nas cidades desempenha importante papel na manutenção ecológica, na saúde mental dos habitantes e nas funções sócio-educativas (LUZ, 2007).
No que concerne ao município de Belém, a retração da vegetação pode ter impacto significativo na vida dos habitantes e ecossistemas em geral, uma vez que as baixas latitudes equatoriais recebem uma grande quantidade de insolação o ano todo, com a perda da cobertura vegetal o processo de evapotranspiração diminui consideravelmente, elevando a temperatura da cidade (LUZ & RODRIGUES, 2007).
A esse respeito Lombardo (1990), chama a atenção para a importância dos estudos da qualidade ambiental em áreas urbanas, sobretudo nas baixas latitudes que poderão auxiliar a criação de modelos para subsidiar no planejamento urbano. Contudo, este estudo também podem revelar aspectos da qualidade ambiental e ainda indicar a qualidade de vida da população que vive nesses espaços.
Referências Bibliográficas
LUZ, L. M. Mapeamento da cobertura vegetal da Área Central do município de Belém PA, através de sensores remotos de base orbital (sensor TM, LANDSAT 5 e sensor CCD, CBERS 2). Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 1063-1070.
SANTOS, F. A. Alagamento e inundação urbana: modelo experimental de avaliação de risco. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emilio Goeldi e EMBRAPA, Belém, 2010.
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