8 de abril de 2013

No Pará faltam bombeiros em 122 cidades!


Maior parte das cidades brasileiras não conta com bombeiros


Enquanto o Brasil ainda se recupera da tragédia na boate Kiss, onde um incêndio matou 241 pessoas, o Fantástico investiga: como funcionam os Corpos de Bombeiros no país ?

Veículos em péssimas condições com painéis destruídos, sem rádios de comunicação e sem cintos de segurança. De cada cem cidades brasileiras, só 14 contam com bombeiros! Em muitos lugares, quando acontece um incêndio, a população tem de se virar!

No Pará faltam bombeiros em 122 cidades.

Somente 14% dos municípios paraenses possuem ao menos uma unidade do Corpo de Bombeiros. Segundo estudo encomendado pelo governo federal e coordenado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), somente 21 dos 144 municípios paraenses possuem esses postos. O índice revela uma preocupante constatação: a maioria dos municípios do Estado convivem com o risco iminente de tragédias, como a ocorrida há cerca de 20 dias na boate Kiss, em Santa Maria (RS), em que mais de 230 pessoas foram mortas.


"São cidades sem a presença de bombeiros, o que torna praticamente impossível a realização de vistorias e avaliação de segurança em redes comerciais, além da total falta de controle de incêndios e demais acidentes", explica o coordenador do estudo "Brasil sem chamas" e pesquisador do IPT, José Carlos Tomina. Segundo ele, esse cenário se deve, principalmente, a falta de interesse das prefeituras em montar essas unidades.

O comandante geral do Corpo de Bombeiros do Pará, João Hilberto Sousa de Figueredo, também alerta que o número de sedes do Corpo de Bombeiros é muito baixo no Estado e de que as prefeituras têm que se atentar a importância de fazer parcerias com o Estado no intuito de criar esses postos.

“No Brasil todo, a maioria do Corpo de Bombeiros está nos grandes municípios. E na região Norte é ainda pior, porqueos municípios são pequenos. Eles não dão prioridade a essa necessidade, principalmente, devido ao custo. O investimento é alto para poder ter um serviço de bombeiros, por exemplo, em média, uma viatura custa cerca de R$ 500 mil e, normalmente, um posto de bombeiro, tem, no mínimo, três viaturas. Acaba que só os municípios de maior porte têm essas unidades”, assinala, destacando que o tipo de parceria mais comum no Estado consente em o município ceder o terreno, podendo, inclusive, ficar responsável pela construção do quartel, e o Estado responsável pelos equipamentos e efetivo de pessoas.

Na avaliação do comandante, é muito precária a atual avaliação de segurança de incêndio dos estabelecimentos comerciais dos municípios paraenses sem sede do corpo de bombeiros. “A vistoria de incêndio só quem faz é o Corpo de Bombeiros, então acaba que o município que tem uma sede fica responsável também pelos municípios das proximidades. Então, a fiscalização se torna um serviço incipiente, porque não atende a sua totalidade”, diz o comandante José Hilberto.

“Por exemplo, o município de Tailândia abrange uma região que vai até Jacundá, Goianésia. O municípiode Bragança atende Augusto Corrêa, Tracuateua, Viseu. Então, as casas comerciais e os prédios residenciais que existem nesses outros municípios quem faz a fiscalização é o posto de bombeiros mais próximo, mas é óbvio, por conta do efetivo e da quantidade de trabalho, prioriza-se o município sede e deixa para um segundo momento esses outros municípios.

Tanto que, às vezes, tem município que é tão distante que o corpo de bombeiro deixa de atender. Essa é uma realidade”, admite.

De acordo com o estudo do IPT, o índice de municípios do Pará com Organizações de Bombeiro-Militar era ainda mais baixo nos últimos cinco anos: 10,4%. Ao longo desse período foram criados as unidades de Bragança, Breves , Itaituba, Redenção, Tailândia e Tucuruí. Além desses seis, o Estado conta com postos do Corpo de Bombeiros em Abaetetuba, Ananindeua, Altamira,Barcarena, Belém, Cametá,Capanema, Castanhal, Marabá, Matrituba, Paragominas,Parauapebas, Salinas, Santa Isabel do Pará e Santarém, além dos distritos de Icoaraci e Mosqueiro.

"A motivação é sempre da prefeitura, é sempre da autoridade local. É ela que se interessa em montar o posto e faz o convênio com o Corpo de Bombeiros, com o Estado. Nessa negociação cada um entra com uma parte dos recursos necessários, por isso que é sempre a autoridade local que tem que demonstrar interesse. Mas acontece que, no nosso País, não se trata a segurança contra incêndio da forma rigorosa como se deve. As autoridades não têm conhecimento da gravidade que é a área de segurança contra incêndio", diz Tomina. "Eles têm um monte de outras prioridades, como transporte, segurança pública, educação, saúde e desprezam que acontecem, em média, 200 mil incêndios por ano no Brasil, de média e alta proporções. São quase mil incêndios por dia. Eles pensam que é uma vez na vida e outra na morte", completa.

Conforme o pesquisador, cerca de 1,2 mil pessoas morrem em incêndios no Brasil por ano. O número considera apenas as vítimas que foram retiradas mortas pelos bombeiros e não inclui a quantidade de pessoas que morreram em hospitais.

Referências


Mapeamento das armas de fogo



O objetivo desta nota é o de produzir um mapeamento das armas de fogo nas microrregiões brasileiras e discutir o papel que as mesmas exercem para estimular (ou desestimular) crimes violentos e crimes contra a propriedade. Dentre as questões debatidas propomos um exercício contrafactual para pensar como seria a taxa de homicídio no Brasil, num cenário em que não tivesse ocorrido a proliferação das armas de fogo nas décadas de 80 e 90. Por fim, fizemos uma breve reflexão para pensar o papel do Estatuto do Desarmamento (ED), sancionado em dezembro de 2003, e quais as suas implicações nos estados federativos.

Após o aumento da taxa de criminalidade que se deu a partir do começo dos anos 80 no Brasil, que seguiu a reboque dos profundos problemas econômicos no país [conforme discutido em Cerqueira (2010)], iniciou-se uma verdadeira corrida armamentista em que a população, descrente na possibilidade do Estado garantir a segurança física e patrimonial, tentou por vias próprias garantir a sua proteção. Nesse período observou-se a expansão vertiginosa da indústria de segurança privada e também da difusão de armas de fogo, conforme o Gráfico 1, abaixo, deixa apontado.

Conforme se pode notar neste gráfico, o crescimento acentuado das armas de fogo, que se inicia em 1983 só é interrompido a partir dos anos 2000 e, principalmente, a partir de 2003, ano em que foi sancionado o Estatuto do Desarmamento (ED).

Mapa das armas de fogo nas microrregiões entre 2000 e 2010






As Figuras 1 e 2 mostram a difusão das armas de fogo em cada microrregião do país, para os anos de 2000 e 2010. A proxy utilizada para medir tal prevalência foi a proporção de suicídios e homicídios cometidos com o uso da arma de fogo, em relação aos incidentes totais, em cada microrregião. Os dois mapas conjuntamente permite nos tirar conclusões. Em primeiro lugar, é visível observar que, na década analisada, houve diminuição na difusão de armas de fogo em grande parte do país, sobretudo nas microrregiões localizadas ao sul e ao sudeste. Por outro lado, as microrregiões situadas no nordeste sofreram crescimento na proliferação de armas de fogo.

 
Conclusão.
Há evidências que a difusão da arma de fogo concorre para o aumento da taxa de homicídios nas localidades e não possui efeito sobre a taxa de crimes contra a propriedade.

O Estatuto do Desarmamento produziu efeitos significativos para fazer diminuir a difusão de armas de fogo no Brasil e, consequentemente, a taxa de homicídios. Contudo, o efeito do ED não se deu de forma homogênea no país. Alguns estados lograram maior êxito em reprimir o uso da arma de fogo do que outros estados.

 
Aparentemente, naquelas unidades federativas em que a difusão de armas diminuiu mais, também se observou maior queda dos homicídios. A evolução do mapa de difusão das armas de fogo por microrregião no país registrou que houve importantes mudanças nessa geografia, antes dominada por localidades no sudeste do país e depois no nordeste.

 
Os elementos combinados sugerem fortemente que uma das medidas cruciais para garantir maior segurança no Brasil seja o enfoque no desarmamento da população. O instrumento – o Estatuto do Desarmamento – já existe. Há que aperfeiçoá-lo e utilizado com maior ênfase pelas organizações que lidam com o controle das armas de fogo no Brasil.
 

2 de abril de 2013

ANÁLISE EXPLORATÓRIA E ESPACIAL DOS DADOS DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO DE BELÉM-PA


INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os acidentes de trânsito provocam cerca de 1.2 milhões de vítimas fatais no mundo. O Brasil representa 5,5% deste total. Este fenômeno provoca um custo social e econômico que segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2007) é de R$ 25, 7 Bilhões, que representa 1,39% Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Estes dados são conseqüência do aumento expressivo do número de veículos circulantes e da alta freqüência de comportamentos imprudente.

O consumo de álcool, o excesso de velocidade, a falta de sinalização adequada, a falta de ciclovias e a imprudência dos pedestres e dos condutores tem sido alguns dos fatores principais do aumento de número de acidentes de trânsito no Brasil. O poder público e a sociedade de um modo geral têm se mobilizado na tentativa de diminuir as condições inseguras no trânsito.

Belém possui uma frota de mais de 250 mil veículos, distribuídos entre automóveis, caminhão, caminhonete, micro-ônibus, motocicleta, motoneta e ônibus. Em relação ao ano de 2005 o aumento da frota de veículos de Belém de foi de 62%.

De acordo com Departamento de Trânsito (DETRAN), 79% dos condutores de automóveis são do gênero masculino contra 21% do gênero feminino (DETRAN, 2010). Verifica-se que cerca de 60% dos condutores de automóveis já conduziram veículo embriagados e os que afirmaram nunca ter tido esse comportamento, representa 37%. Contudo, as principais causas de acidentes de trânsitos em Belém são ocasionadas pela perda de controle do veículo (19,78%) e em segundo realização de manobra irregular (15,33%), (DETRAN, 2010).

Analisando os principais tipos de infrações registradas, pelo Departamento de Trânsito no Estado do Pará em 2009, observa-se que das 156.733 infrações de natureza gravíssima cometidas pelos usuários do sistema viário, 21,08% são referente a avançar o sinal vermelho, em seguida, com 14,88%, a condução de motocicleta fora das normas do CONTRAN. De acordo com dados do DETRAN os bairros do Marco, Marambaia e Pedreira foram os mais representativos em número de acidentes de trânsitos. Os bairros supracitados tiveram um total de 1176, 634 e 587 acidentes respectivamente em 2010.

Logo, compreender a distribuição espacial de dados referente aos acidentes de trânsito no espaço constitui uma valiosa ferramenta que pode servir de apoio às ações de monitoramento, planejamento e tomada de decisão, pois, procurar entender esses eventos é uma forma de tentar preveni-los ou reduzir os impactos gerados por eles, encontrando assim soluções para a diminuição desse problema. Neste sentido, este trabalho procura entender esse problema através da coleta de dados, utilização de ferramentas de SIG (Sistema de Informações Geográficas) e a análise espacial. Por meio de um SIG, foram elaborados mapas temáticos, com o auxílio das bases estatísticas de ocorrência de acidente de trânsito tendo como objetivo identificar as áreas de maior ocorrência desses acidentes.

METODOLOGIA

Os dados utilizados neste estudo são referentes aos registros de acidentes de trânsito de Belém, ocorridos no ano de 2007 a 2010. Os dados dos registros de acidentes de trânsito de Belém de 2007 a 2009 são dados secundários do Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e Município de Belém do Período de 2007 a 2009. Os dados referentes a 2010 foram disponibilizados pelo Departamento de Trânsito do Pará (DETRAN), oriundas do Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP - fornecidas pelo Departamento Estadual de Trânsito - DETRAN/PA, através do Núcleo de Estatística. Uma vez coletados os dados estes foram reunidos em tabelas, gráficos e mapas, facilitando a compreensão do estudo.

Para facilitar a apresentação realizou-se a organização do conjunto de dados através de tabelas e gráficos, constituindo-se em uma técnica analítica para resumir e apresentar os acidentes de trânsito de Belém, visando descrevê-los e analisá-los.

Contudo, os dados foram também sistematizados em um ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG), através das seguintes etapas metodológicas: 1) Organização e Sistematização do Banco de Dados com as variáveis e cálculo dos indicadores; 2) Organização e Sistematização da Base Cartográfica; 3) Procedimentos de relacionamento entre o Banco de Dados e Base Cartográfica; 4) Análises Estatísticas Exploratórias dos Indicadores; 5) Análise Exploratória Espacial empregando o Índice de Moran. Os softwares utilizados para organização e sistematização da base cartográfica foi o ArcGIS ArcMap e para análise exploratória espacial o TerraView.

OBJETIVO

A análise dos dados espaciais deste trabalho esta associado à área delimitada por polígonos, em função de não se dispor da localização exata dos eventos dos acidentes de trânsito, mas de um valor por área. O Departamento de Trânsito de Belém, a polícia militar, o Corpo de Bombeiros e outros órgãos registram os acidentes de trânsito em boletins de ocorrência. Realizou-se o teste de dependência espacial pelo índice Moran. Este teste tem por objetivo identificar a estrutura de correlação espacial que melhor descreve os dados. A análise de dados espaciais realizou-se com base em metodologias estatísticas e os algoritmos implementados no TerraView, disponibilizado pelo INPE (instituto Nacional de Pesquisa Espacial). A idéia básica é a caracterização da dependência espacial, mostrando como os valores estão correlacionados no espaço (Santos, 2008). E por fim, com o programa ArcGIS ArcMap foram criados mapas temáticos para visualização, interpretação dos resultados e conclusões deste trabalho.

RESULTADOS

O município de Belém teve um total de 10.506 acidentes no ano 2010 uma redução de 608 acidentes em relação a 2009. O Gráfico 1 apresenta o total de acidentes de trânsitos por meses nos anos de 2009 e 2010. 
Gráfico 1: Total de acidentes de trânsitos por meses nos anos de 2009 e 2010.
Fonte: Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e município de Belém do período de 2007 a 2009 e Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, 2010.

A Tabela 1 apresenta a quantidade de acidentes de trânsito nos 18 bairros com maior número de ocorrência no município de Belém em 2007 a 2010. O bairro do Marco apresentou durantes quatro anos consecutivos os maiores valores de acidentes de trânsito. Pode-se observar que em 2010 foi o bairro do Marco com maior número de acidentes de trânsito com 1.176, seguido do bairro da Marambaia com 634 e da pedreira com 548. Os bairros do Sousa (254 acidentes), Jurunas (223 acidentes) e Cidade velha (160 acidentes) foram os bairros de menor número de acidentes de trânsitos.

Tabela 1. Acidentes de trânsito nos 18 bairros onde ocorreram mais acidentes no município de Belém em 2007 a 2010.

Fonte: Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e município de Belém do período de 2007 a 2009 e Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, 2010.

O ano de 2009 apresentou o maior número de acidentes por bairros 8.392 acidentes. O total acumulado de acidentes de 2007 a 2010 é de 31.823. No ano de 2010 houve uma diminuição de casos de acidentes em reação aos anos anteriores. O Gráfico 2 apresenta o total de acidentes de trânsitos por bairros de 2007 a 2010. A partir deste, observa- se que o bairro do marco ainda possui os maiores valores de acidentes, seguido da Marambaia (2.806) e Umarizal (2744).

Gráfico 2: apresenta o total de acidentes de trânsitos por bairros de 2007 a 2010.
Fonte: Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e município de Belém do Período de 2007 a 2009 e Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, 2010.

O Gráfico 3 apresenta o total de acidentes de trânsitos por ano. A partir deste, observa- se que houve uma redução de 855 acidentes de trânsito de 2007 a 2010. Contudo, o ano de 2009 apresentou um aumento de 249 acidentes de trânsitos em relação 2008.

Gráfico 3: Total de acidentes de trânsitos por ano. Fonte: Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e Município de Belém do Período de 2007 a 2009 e Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, 2010.

Quanto às vias, segundo do Departamento de Trânsito, a Rodovia Augusto Monte Negro (909 acidentes) e as avenidas Almirante Barroso (737 acidentes) e Pedro Álvares de Cabral (335 acidentes) são as vias onde aconteceram os maiores números de acidentes de trânsito em 2010. As vias, Travessa Lomas Valentina (124 acidentes), Avenida Perimetral (123 acidentes) e travessa Padre Eutíquio (122 acidentes) também obtiveram os menores caso de acidentes de trânsitos.

Tabela 2. Acidentes de trânsito nas 18 vias onde ocorreram mais acidentes no município de Belém em 2007 a 2010.

Fonte: Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e Município de Belém do Período de 2007 a 2009 e Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, 2010.

Após analisar os dados dos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010 referentes aos acidentes nas vias urbanas do município de Belém, verifica-se que a maior parte dos acidentes concentra-se nos grandes corredores de fluxo. A Av. Augusto Monte Negro (3585), Av. Almirante Barroso (2854 acidentes) e Av. Pedro Álvares de Cabral (1514 acidentes) se mantém como as vias com maiores números de acidentes nos quatros anos analisados. O Gráfico 3 apresenta o total de acidentes por anos em vias de Belém. A partir deste, observa- se que houve uma redução de 453 acidentes de trânsito nas vias de 2007 a 2010. Contudo, o ano de 2009 apresentou um aumento de 1502 acidentes de trânsitos em relação 2008 e uma redução de 821 acidentes nas vias em relação 2010.


Gráfico 4: Total de acidentes de trânsitos em vias de Belém por ano.
Fonte: Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e Município de Belém do Período de 2007 a 2009 e Sistema Integrado de Segurança Pública – SISP, 2010.

Para estimar a variabilidade espacial de dados de área, utilizou-se a matriz de proximidade espacial, também chamada matriz de vizinhança. A matriz de proximidade é utilizada em cálculos de indicadores na fase de análise dos dados espaciais. Ao final da operação a matriz diz, para cada objeto, quais, dentre os outros objetos, são considerados seus próximos. Para caracterizar a dependência espacial utilizou o modelo de matriz por Contigüidade: um objeto está próximo apenas daqueles com os quais compartilha uma fronteira. Realizou-se caracterização de dependência espacial através do Índice de Moran Local.

Através da análise estatística do Índice Moran sobre o conjunto de dados dos acidentes de trânsitos em Belém-PA obteve-se o valor do índice Moran de: 0.284852 e p-valor: 0.013. A estatística Índice Moran (1948, 1950) é uma maneira clássica (bem como uma das mais comuns) de se medir o grau de autocorrelação espacial em dados de áreas (ROGERSON, 2012). Por se tratar de um indicador local, tem-se um valor específico de correlação para cada área, permitindo assim, a identificação de clusters de áreas e outliers (MACEDO, 2011). Ou seja, no intervalo de –1 a +1, com valores próximos a zero indicando ausência de correlação espacial (diferenças entre vizinhos), valores positivos indicando autocorrelação espacial positiva, ou seja, a existências de áreas com valores similares entre vizinhos e com negativos apresentando autocorrelação espacial negativa (MARCELO, 2011).

Para a consulta da autocorrelação espacial das regiões, através do valor-p maior que 0.05, utilizou-se uma análise visual através de um Mapa Temático. Desta forma, tem-se a visualização dos indicadores com maior significância. Assim, o mapa temático indicou que as áreas em amarelo, não há autocorrelação espacial. Portanto as regiões que apresentam significância, ou seja, apresentam autocorrelação espacial, serão as marcada sem vermelho.

Os bairros: Água Boa, Souza, Itaiteua, Pedreira, Umarizal, Fátima, Reduto, Terra Firme, São Braz, Nazaré, Canudos, Cremação, Brasília, Maracacuera, Campina de Icoaraci, Água Negra, Agulha, Guajará, Ponta Grossa, Água Linda, Aura, Guanabara e Una apresentam uma autocorrelação espacial nos acidentes de trânsitos. Ou seja, identifica-se um agrupamento (cluster) significativo de valores semelhantes em torno de determinada localizações (áreas em vermelho) e indicando (outliers) porções territoriais de não estacionariedade (área que não se identifica como padrão local e também não pertence à transição entre os aglomerados de acidentes de trânsitos) (áreas em amarelo).

Outro cartograma temático utilizado representa os valores do box map. Com este mapa temático pode-se visualizar espalhamento do Índice de Moran em um mapa coroplético, onde o indicador de cada bairro é representado por uma cor de acordo com a sua localização no quadrante. Os Valores apresentados correspondem à relação entre os valores de Z e Wz em um Gráfico de dispersão dividido em quadrantes (Q). Os valores variam de 1 a 4, onde 1 corresponde aos valores do Q1 (alto-alto – valores altos de Z e valores altos de Wz), 2 (Q2) baixo-baixo, 3 (Q3) alto-baixo, 4 (Q4) baixo-alto.

A Figura 3 apresenta o box map do quantitativo acidentes por bairros ocorridos no município de Belém, no ano de 2010. A partir dela, pode-se admitir que os valores 1 (Alto – Alto) trata-se de bairros com altas ocorrências de acidentes de trânsitos, cercado por outras bairros que apresentam a mesma situação; e no caso dos valores 2 (Baixo – Baixo) um bairro baixa ocorrências de acidentes de trânsito, cercada por outros bairros de mesma situação. Já no caso de apresentarem valores 3 (Alto – Baixo) trata-se de bairros com altas ocorrências de acidentes de trânsitos, cercado por outras bairros que apresentam baixos valores de acidentes; e no caso dos valores 4 (Baixo – Alto) um bairro com baixa ocorrências de acidentes de trânsito, cercada por outros bairros com altos valores de acidentes.

Figura 2 - Mapa de índice local (LISA) e Box Mapa do Quantitativo dos acidentes de trânsitos por bairros, ocorridos no município de Belém no ano de 2010. Fonte: Elaboração Santos, L.S

Os resultados obtidos pela metodologia empregada na pesquisa conduziram à observação de que há uma nítida concentração de acidentes de trânsito no centro de Belém. Acredita-se que alguns dos motivos pelos quais isso ocorreu devem-se a alta concentração populacional, fluxo intenso de veículos e nestes bairros estão as principais vias que servem como principal itinerário de transporte público e particular. A análise espacial dos dados por área mostrou um padrão espacial seguindo as principais vias da cidade e centro da cidade, sugerindo que há uma relação entre esta ocorrência e o fluxo de pessoas no local.

A análise permitiu identificar as áreas de maior ocorrência de acidentes de trânsito no Município de Belém. Acredita-se que os grandes números de acidentes nestes bairros estão relacionados com grande fluxo de veículos nesta região, pois, nestas áreas estão localizadas as principais avenidas de Belém. As vias Almirante Barroso, Augusto Monte Negro e Avenida. Pedro Álvares Cabral possuem os maiores números de acidentes de trânsito de Belém, e estes valores na maioria das vezes estão relacionados a diversos fatores como problemas na pavimentação asfáltica, que força os condutores muitas vezes a efetuar manobras arriscadas que resulta na maioria das vezes em acidentes.

A falta de uma ciclovia em algumas destas áreas tem provocado inúmeros acidentes, principalmente, nos horário de congestionamento, pois, o trânsito caótico tem provocado ações inseguras por parte dos motoristas. Logo, campanhas educativas, reorganização do trânsito, fiscalizações planejadas e a implantação de ações de políticas públicas para a redução dos índices de acidentalidade são necessárias.

Figura 3 - Box Mapa dos acidentes de trânsitos ocorridos no município de Belém e as principais vias de Belém, no ano de 2010. Fonte: Elaboração Santos, L.S

CONCLUSÃO

Sabe-se que os acidentes de trânsitos são provocados por uma somatória de fatores: motorista, pedestre imprudentes, pouca sinalização e outros. Entretanto, a falta de planejamento e investimentos adequados para a manutenção das vias do município de Belém tem levado a uma rápida deterioração física destas vias, causando assim, condições inseguras no trânsito.

Espera-se que as informações apresentadas no final deste trabalho possam auxiliar os órgãos responsáveis pela elaboração de medidas de prevenção e ainda servir de apoio para uma política adequada de planejamento de distribuição de recursos destinados à proteção contra acidentes de trânsito no Município de Belém.

REFERÊNCIAS

BERGAMASCHI, R. B. SIG Aplicado a Segurança de Trânsito - Estudo de Casos no Município de Vitória-ES. (Monografia apresentada ao Departamento de Geografia do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, como requisito parcial a obtenção do grau de Bacharel em Geografia). Vitória, 2010.

DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DE BELÉM. Relatório Estatístico de Trânsito no Estado do Pará e Município de Belém do Período de 2007 a 2009. Disponível em: http://www.detran.pa.gov.br/. Acesso em 10 de out. 2011.

GAMA, G. R.; Análise espacial de indicadores de Desenvolvimento Sustentável: Aplicação do índice de Moran. Disponível em: < http://egal2009.easyplanners.info/area04/4167_Gama_Rogerio_Gutierrez.pdf>. Acesso em: jun.2012.

MACEDO, M. R. Análise Exploratória de Dados Espaciais para Vítimas de Atentado Violento ao Pudor Contra Crianças e Adolescentes no Município de Belém no ano de 2009. Anais XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil, 30 de abril a 05 de maio de 2011, INPE p.3874

SOARES, R. A. Utilização de Técnicas de Geoprocessamento na Identificação de Locais de Críticos de Acidente de Trânsito. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso Superior de Tecnologia em Geoprocessamento – CEFET-PB – como requisito para obtenção do título de tecnólogo em Geoprocessamento. Paraíba, 2008.

SOUZA, V. R.; CAVENAGH. S.; DINIZ, J .E. Análise espacial dos acidentes de trânsito com vítimas fatais: comparação entre o local de residência e de ocorrência do acidente no Rio de Janeiro. R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 25, n. 2, p. 353-364, jul./dez. 2008

Representações Cartográficas

Globo - representação esférica, em escala pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade ilustrativa.

Mapa - representação plana, em escala pequena, delimitada por acidentes naturais ou políticos-administrativos, destinada a fins temáticos e culturais.

Cartas - representação plana, em escala média ou grande, com desdobramento em folhas articuladas sistematicamente, com limites de folhas constituídos por linhas convencionais, destinada a avaliação de distância e posições detalhadas.

Planta - tipo particular de carta, com área muito limitada e escala grande, com número de detalhes consequentemente maior.

Mosaiso - conjunto de fotos de determinada área, montadas técnica e artisticamente, como se o todo formasse uma só fotografia. Classifica-se como controlado, obtido apartir de fotografia aéreas submetidas a processos em que a imagem resultante corresponde à imagem tonada na foto, não controlado, preparado com o ajuste de detalhes de fotografia adjacentes, sem controle de termo ou correção de fotografia, sem preocupação com a precisão, ou ainda semicontrolado, montado combinando-se as duas características descritas.

Fotocarta - Mosaico controlado, com tratamento cartográfico.

Ortofotocarta - fotografia resultante da transformação de uma foto original, que é um perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um plano.

Ortofotomapa - conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada região.

Fotoíndice - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. É o insumo necessário para controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas de método fotogramétrico.

Carta Imagem - imagem referênciada a partir de pontos identificáveis com coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção

Revista Geografia, Conhecimento Prático, n 23, p 54. ed. Escala